O le parkour é aquela arte de se movimentar através de obstáculos utilizando apenas o momentum do próprio corpo. Momentum é aquela energia que um corpo em movimento acumula, podendo ser canalizada para subir em um muro por exemplo.
Desde que David Belle (fundador do estilo) e outros praticantes começaram a disseminar videos da modalidade pela internet, esse esporte foi ficando mais conhecido de uma forma geral. Por isso, alguns jogos começaram a incluir isso na jogabilidade e no controle dos protagonistas.
O primeiro protagonista a ter os movimentos inspirados nessa arte, foi o Prince of Persia, com a trilogia Sands of Time (que acabou com 4 jogos, se contar com o Forgotten Sands).
Outro jogo famoso por usar o estilo na jogabilidade foi mais uma pérola da Ubisoft: a série Assassin's Creed. Nele, os movimentos são um pouco mais reais e convincentes do que em Prince of Persia, mas ainda assim contém alguns exageros.
O ponto principal desse post, é entender até onde essa liberdade de movimentos pode ser usada em um jogo, e como ela pode ser transferida para os teclados (ou um controle).
Agora, o jogo que mais se igualou até hoje ao Le Parkour se chama Mirror's Edge. Se você não conhece, dá um jeito de conhecer, mesmo que não goste todo gamer deveria pelo menos saber a que ponto os jogos já chegaram com o Le Parkour.
Mirror's Edge talvez foi o jogo mais subestimado da história. Ele foi feito pela Dice, utilizando a engine do Unreal, e publicado pela EA em novembro de 2008, e até hoje faz um doce danado para produzir uma sequencia.
Quem jogou Mirror's Edge, Prince of Persia e Assassin's Creed deve ter notado uma grande diferença na hora de assumir os controles dos jogos. Quando se vê alguém jogando, a impressão é que os 3 são parecidos, até chegar a hora de realmente assumir o controle.
No Prince of Persia e Assassin's Creed, o Le Parkour não é o centro das atenções. Nesses 2 jogos, você utiliza do Le Parkour para se mover no cenário e fugir de encrencas, mas o que fica mesmo em primeiro plano é a resolução de puzzles (Prince of Persia) e o planejamento dos assassinatos e formas de aproximar de um objetivo (Assassin's).
Em resumo, nesses 2 jogos você consegue efetuar movimentos complexos apenas apertando e/ou segurando um botão do mouse ou uma tecla. De início, você realmente cai muito com a face no chão, mas em poucos minutos você já consegue ter uma visão geral do que você pode pendurar, subir, pular, etc.
Em Mirror's Edge, o Le Parkour é a estrela do espetáculo. Nele, você controla Faith, que é uma dos vários praticantes de Le Parkour, que no jogo são conhecidos como corredores. Você está quase sempre fugindo de alguém, então tem que pensar muito rápido na sua rota de fuga. Em outras missões a situação se inverte e você tem que alcançar alguém que está fugindo de você, portanto é um jogo bem rápido.
Até então não parece ter muita diferença dos outros jogos, mas o diferencial do Mirror's Edge é justamente a jogabilidade. Você não consegue literalmente correr na parede apertando apenas um botão, ou pular de uma plataforma com a mesma facilidade. Como eu disse no início do post, em Mirror's Edge você precisa acumular momentum para executar as ações. Exemplo: em Assassin's Creed, se você estiver de frente para uma parede, e pressionar o botão direto do mouse junto com a barra de espaço, o protagonista consegue dar alguns passos na parede e se agarrar a alguma saliência. Em Mirror's Edge não é tão simples. Para subir uma parede assim, você deve primeiro tomar uma distância razoável, iniciar uma corrida, e pouco antes de tocar a parede, apertar a barra de espaço, para então se iniciar uma corrida vertical e se agarrar na saliência. O mesmo vale para as corridas horizontais em muros, que não estão presentes em Assassin's, mas podem ser feitas no PoP (Prince of Persia).
Em PoP, você apenas corre ao longo de uma parede segurando o botão direito, e lá vai o Prince dando 11 passos ao longo do muro. Em Mirror's Edge ainda vale a ideia de momentum (que sinceramente, demora um pouco para ficar fácil de usar no início do jogo). Você corre, ganha velocidade e energia (momentum), pula na parede e corre. Você dará apenas alguns passos até começar a perder momentum, então você pula de novo, pressiona a tecla E para girar 180° e segurar em alguma saliência do lado oposto (e aqui, é bom ver antes se existe essa saliência, pois caso contrário a queda será feia).
Concluindo, se os comandos de Mirror's Edge são mais reais, por que então não fazer o mesmo com os outros jogos? É simples: em Mirror's Edge, você não tem que fazer tudo isso com uma espada na cintura, enquanto foge de demônios do tempo feitos de areia, e nem dentro de roupas pesadas coberto de armas escondidas. PoP e Assassin's precisam do fator "exagero" para ficarem emocionantes e cinematográficos. Foi isso que vendeu as franquias, e vendem até hoje. Neles, você possui outras diversas habilidades para utilizar durante o jogo, portanto se você incluísse uma jogabilidade tão complexa quanto a de Mirror's Edge, provavelmente o jogo ficaria tão chato a ponto de se tornar frustrante. Mirror's Edge não corre esse risco porque, apesar de envolver um Le Parkour próximo da realidade e altamente complexo, pelo menos ele não tem mais nada com o que se preocupar. Ele já trás o suficiente para ser envolvente e divertido. Até o tamanho dos jogos é suficiente. Enquanto Assassin's tem em torno de 30-40 horas de gameplay por título, Mirror's Edge pode ser finalizado em 4 horas. Em todos os jogos que apresentam o Le Parkour como liberdade de movimento, o esporte foi usado de forma suficiente e bem explorado, e ainda está longe de ficar saturado.
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